Científico

População desconhece doenças da boca

Categoria: Científico Publicado por: admsbp Publicado em: 19/07/2016

A maior parte dos brasileiros desconhece as principais doenças da boca e negligencia sintomas importantes. O alerta é da médica Eliane Pedra Dias, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). A médica especialista em patologia oral ressalta que esse desconhecimento pode chegar a ser perigoso, já que as doenças bucais podem ter diferentes graus de complexidade e gravidade.

“A boca, como qualquer outra parte do nosso corpo, está sujeita a diversos tipos de doenças, algumas bem perigosas. Muitos não sabem que o câncer também pode ocorrer na boca. Essa doença é indolor no estágio inicial e sua possibilidade de cura ou melhor controle está diretamente associada a um diagnóstico precoce”, conta.

Um dos principais efeitos de ignorar alterações na boca é a demora na busca por ajuda profissional especializada. Muitas pessoas preferem conviver com sintomas incômodos em vez de procurar um médico ou um dentista, preferencialmente um estomatologista (profissional especializado em doenças da boca).

“Essa mistura de evitar apoio médico e desconhecimento também tem como efeito o autodiagnóstico e, consequentemente, a automedicação. Muitas pessoas recorrem a tratamentos indicados por amigos e parentes, o que pode ser um risco. Mesmo que não sejam necessariamente prejudiciais para a saúde do paciente, essas alternativas podem retardar o diagnóstico e o início de um tratamento adequado e com resultados eficientes”, comenta a médica da SBP.

A demora na busca por apoio médico e odontológico pode trazer riscos variáveis para a saúde do paciente, dependendo da complexidade e gravidade da doença em questão. Esse risco pode ir do mínimo, como no caso de aftas que podem melhorar em uma semana, até elevado, caso de feridas e câncer de boca.

“Existem ainda complicações associadas. As mesmas aftas devem ser tratadas com atenção se forem persistentes, recorrentes ou em grandes tamanhos. Outro exemplo é a herpes labial. As feridas cicatrizam em até 15 dias independentemente de qualquer tratamento, mas, em pacientes com AIDS, podem persistir como úlceras que não cicatrizam. Com tantas variáveis possíveis, o acompanhamento de um profissional é fundamental”, explica a especialista.

Depois da identificação de alguma anormalidade, entra em cena o patologista oral, especialista responsável por analisar materiais biológicos coletados por raspagem, punções ou biópsias. Depois de uma avaliação detalhada dessa amostra, ele pode emitir o laudo que definirá qual é a doença, ajudando inclusive a traçar a conduta terapêutica.

“Por causa desse papel fundamental do patologista, é importante a preocupação com o número de especialistas, que precisa acompanhar o crescimento de outras especialidades. No caso da patologia e citopatologia oral, o número de especialistas dentistas ainda é muito pequeno, o que pode prejudicar a realização de exames em um futuro próximo”, finaliza.

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