Comemorado no dia 24 de março, o Dia Mundial de Combate à Tuberculose visa divulgar a doença e conscientizar a população sobre a necessidade de uma vigilância constante para preveni-la e diagnosticá-la o mais rápido possível. Causada por uma bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como Bacilo de Koch, a Tuberculose é uma doença infecciosa, transmissível pelo ar, que compromete principalmente os pulmões. Pelos elevados índices de mortalidade e morbidade, é considerada como um grave problema de saúde pública.
Embora tenhamos observado uma diminuição da taxa de incidência da doença nos últimos dez anos, anualmente, o Brasil notifica 70 mil casos da doença. Em linhas gerais, o ano de 2014 contou com uma proporção de 33,5 casos a cada 100 mil habitantes. Em 2004 eram 43,4. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2020, a tuberculose deve ser responsável por um bilhão de mortes em todo o mundo.
Como explica a médica patologista Renata Bacic, membro da SBP e chefe da Seção de Patologia do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, a tuberculose é transmitida pelo ar a partir de um indivíduo com doença ativa envolvendo a via respiratória ou os pulmões. As bactérias estão contidas em pequenas gotículas transportadas pelo ar, expelidas quando o doente tosse ou espirra. O contato se dá quando um indivíduo não infectado inala essas gotículas.
Pessoas portadoras do vírus HIV, diabetes, insuficiência renal crônica, desnutridas, idosos doentes, usuários de álcool e outras drogas, e tabagistas são mais propensos a contrair a tuberculose por terem o sistema imunológico deficiente baixo. Esses pacientes são o principal grupo de risco.
“No Brasil ainda temos uma elevada incidência de casos em populações de maior vulnerabilidade, como a população indígena (que apresenta um risco três vezes maior de contrair a doença), a população privada de liberdade (risco 28 vezes maior), os coinfectados HIV (risco 28 vezes maior) e a população em situação de rua (risco 32 vezes maior)”, explica.
Outro ponto importante é o desenvolvimento de cepas multirresistentes a terapia convencional, principalmente oriundas de casos em que o tratamento é irregular ou interrompido. Embora os sintomas sejam semelhantes, não haverá resposta ao tratamento. O perigo reside no fato de que estes são geralmente casos de maior gravidade, e muitas vezes são apresentados exatamente pelos grupos de maior risco descritos acima.
Profissional do diagnóstico
O diagnóstico da tuberculose pode ser obtido por vários métodos. A radiografia de tórax é um importante método para investigação, devendo ser solicitada para todo paciente com suspeitas clínicas de tuberculose pulmonar. Quando ele apresenta secreção nos pulmões, é comum que o clínico peça um exame específico para investigar a possibilidade de tuberculose. Esse diagnóstico pode ser feito por um exame laboratorial que analisa o escarro do paciente – a baciloscopia direta. Entretanto, existem casos em que essa análise não consegue constatar a existência do micróbio. Nessas horas, entra em cena o patologista, o profissional do diagnóstico.
“Esse especialista exerce importante papel no diagnóstico citológico ou histológico da doença. Ele não somente identifica o agente na lesão, mas também associa a presença do agente ao padrão da resposta inflamatória, podendo inferir a partir das características da reação inflamatória aspectos da imunidade celular do indivíduo”, ressalta.
Ele recebe uma amostra de tecido retirada (biópsia) e realiza uma análise quase artesanal, utilizando um microscópio e anos de estudo para emitir um laudo diagnóstico. Em alguns casos, somente o exame anatomo-patológico da biópsia permitirá o diagnóstico correto e liberação da medicação para o tratamento. Por sua atuação nos serviços de verificação de óbito, o patologista ainda é importante por diagnosticar e apontar as estatísticas de morbidade e mortalidade proporcionais relacionadas à doença, ajudando os programas de saúde pública a entenderem melhor a tuberculose e sua magnitude, buscando melhores tratamentos e políticas para proteger a população.
Assim, pode-se concluir que a eficácia do tratamento para tuberculose depende do diagnóstico precoce e de um tratamento adequado seguido religiosamente. Como é uma doença insidiosa e lenta, se não for descoberta em estágio inicial, o bacilo vai destruindo progressivamente o pulmão. Por isso é importante que a população esteja sempre atenta a seus sintomas: tosse (com secreção ou sem), febre, falta de apetite, emagrecimento, cansaço e dores musculares.
“A tuberculose é vista pela medicina como traiçoeira. Pela diversidade da apresentação clínica, pode mimetizar muitas outras doenças. Além do mais, pela capacidade de promover resistência quando do tratamento irregular ou insuficiente, nunca deve ser subestimada. Pelo contrário, deve sempre ser lembrada, colocada como diagnóstico diferencial e, uma vez diagnosticada, seguida a passos curtos, contínuos, incessantes”, finaliza.
Fonte: Ministério da saúde.