Científico

Câncer de Pele – Diagnóstico precoce é essencial para a cura

Categoria: Científico Publicado por: admsbp Publicado em: 19/07/2016

Há três tipos principais de câncer de pele: o mais comum, o carcinoma basocelular, corresponde aproximadamente a 71,4% dos tumores malignos da pele; o carcinoma espinocelular corresponde a 21,7% dos casos, e o melanoma representa 4% – apesar da menor incidência, este último merece atenção especial.

O melanoma é o mais agressivo e com maior índice de mortalidade, se diagnosticado tardiamente. Por exemplo, se um melanoma tiver quatro milímetros de espessura quando diagnosticado, o paciente terá sobrevida em cinco anos de aproximadamente 54%, ou seja, 46% dos pacientes morrerão de disseminação da doença. Além de mais agressivo, seu diagnóstico é frequentemente retardado por desconhecimento, por dificuldades diagnósticas, ou mesmo por falta de prevenção secundária (ações que procuram diagnosticar precocemente a doença já estabelecida). “Os tipos de doenças de pele mais difíceis de serem descobertos são os melanomas e seus subtipos, por causa de sua semelhança com as lesões benignas, especialmente quando iniciais”.

Tecnologia

Os avanços tecnológicos tornaram-se importante ferramenta para a detecção precoce da doença. A utilização da dermatoscopia, espécie de lente de aumento semelhante à usada para observar o ouvido, aumentou a precisão diagnóstica do melanoma. Esse método, em associação à digitalização das imagens, tem permitido monitorar lesões suspeitas que, reavaliadas num curto intervalo de tempo, podem crescer e permitir que o médico confirme a necessidade de retirada e avaliação por exame anatomopatológico.

Outra tecnologia com desenvolvimento constante, ainda timidamente utilizada no Brasil, é o uso da microscopia confocal in vivo, que possibilita, através de raios laser, o exame de lesões com resolução de microscópio. Nesse caso, é possível examinar o paciente com uma alta precisão para indicar se a lesão deve ou não ser retirada”, ressalta o médico. Esta técnica tem permitido também, em casos selecionados, demarcar as margens cirúrgicas para assegurar que toda a lesão foi retirada.

Além do exame anatomopatológico, que permite identificar o tipo de tumor e estabelecer parâmetros prognósticos, técnicas moleculares, incluindo sequenciamento gênico, identificação de mutações através de Hibridização In Situ Fluorescente (FISH), de Hibridização Genômica Comparativa (CGH) e também técnicas de proteômica, por meio de espectrometria de massa tem surgido como forma de classificar e determinar até o tipo de tratamento mais adequado ao paciente, uma forma de personalização da medicina, dando a cada indivíduo, a melhor opção terapêutica para aquele tipo de tumor.

Fatores de risco

As lesões na pele têm como fator predisponente a exposição à luz ultravioleta A e B, em especial em pessoas muito claras que se queimam e nunca se bronzeiam. Por outro lado, há famílias com propensão ao desenvolvimento de melanomas. Cerca de 10% dos pacientes diagnosticados com melanoma têm histórico familiar desse tipo de tumor. Nesses casos, é importante a avaliação com o especialista denominado oncogeneticista, que estabelecerá se é mesmo câncer hereditário e qual a probabilidade de desenvolvimento da doença.

A ascendência e o tipo de pele também podem mostrar se a pessoa tem mais probabilidade de desenvolver a doença. Pessoas muito claras, com cabelos claros, olhos claros, portadoras de sardas e que se queimam com facilidade e dificilmente se bronzeiam são mais suscetíveis ao desenvolvimento do câncer de pele. Além disso, pessoas com muitas pintas (nevos) têm maior probabilidade de desenvolvimento de melanoma.

Em nosso meio, devido à grande miscigenação racial, os traços afrodescendentes e asiáticos estão presentes em parte considerável da população brasileira. Há um tipo de melanoma que ocorre com maior frequência nestas etnias, o melanoma acral, que ocorre nas plantas, palmas e unhas. Serviços públicos que atendem populações carentes, muitos de ascendência africana, têm encontrado uma maior frequência deste tipo de melanoma. Em Salvador e em Manaus, sua frequência respectiva é de 19% e 30% de melanomas acrais. Este dado indica a necessidade de não só pensar em melanomas induzidos pela radiação solar, mas também fazer campanhas de prevenção secundária para a observação de mãos e pés, frequentemente negligenciados. Afinal, além de caucasianos, os traços afrodescendentes e asiáticos, também são uma marca da população brasileira.

Dr. Gilles Landman – Professor Escola Paulista de Medicina

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