Brasil inicia reestruturação da atenção oncológica com Patologia no centro das ações
Live da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) reuniu, na última sexta-feira, 8 de agosto, lideranças do Ministério da Saúde e do A.C.Camargo Cancer Center para debater infraestrutura e formação de especialistas em Patologia no País.
A Patologia voltou a ocupar papel central no cenário da saúde oncológica brasileira. Durante uma live promovida pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e com a participação de lideranças do Ministério da Saúde e do A.C. Camargo Cancer Center para uma audiência de médicos e gestores, na última sexta-feira (8), foi anunciado um movimento articulado para reestruturar a Oncologia no País, tendo o diagnóstico anatomopatológico como pilar essencial para o tratamento eficaz do câncer.
Durante sua ampla participação, o secretário da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES) do Ministério da Saúde, Dr. Mozart Sales, anunciou a previsão de investimento de aproximadamente R$ 60 milhões por ano apenas para ações ligadas à Patologia, viabilizadas pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROAD-SUS).
“Esses recursos serão destinados a fortalecer a rede oncológica nacional, garantindo melhores condições de diagnóstico, formação e infraestrutura para que cada paciente, em qualquer parte do País, tenha acesso a um laudo preciso e em tempo adequado”, destacou.
“Não há conduta terapêutica sem diagnóstico. Entretanto, temos desafios como a carência de especialistas, remuneração incompatível com a complexidade do ato diagnóstico e escassez de exames essenciais. Com cooperação e responsabilidade técnica, avançaremos”, pontuou o Dr. Gerônimo Jr., presidente da SBP.
“Mutirão” de laudos e rede colaborativa de especialistas
O Dr. Victor Piana de Andrade, diretor geral do A.C.Camargo Cancer Center, apresentou um projeto estruturado pela instituição e que integra o PROAD-SUS. A iniciativa tem como prioridade resolver gargalos no diagnóstico oncológico, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. As ações incluem a realização a curto prazo de um “mutirão” nacional para análise de até mil biópsias por dia no laboratório do A.C.Camargo, resolvendo um gargalo de diagnósticos urgentes e possibilitando o início do tratamento.
Além disso, o projeto prevê a médio e longo prazos a digitalização de lâminas por meio de câmeras acopladas a microscópios, facilitando o diagnóstico por especialistas de diferentes localidades do Brasil, e o escaneamento, criando um banco nacional de imagens. Com isso, haverá a criação de uma rede colaborativa para que patologistas de todo o Brasil possam contribuir na interpretação dos casos.
O Ministério da Saúde também pretende por meio do PROAD investir nos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACONs), nas Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACONs) e nos hospitais federais para ampliar a autonomia e capacidade diagnóstica regionalmente, projeto defendido pela SBP.
“Com as imagens digitalizadas, será possível gerar dados estratégicos para gestores municipais, estimando demanda por cirurgias, radioterapias e quimioterapias. O prazo inicial de execução do projeto vai até dezembro de 2026, com possibilidade de renovação até 2029”, acrescentou o Dr. Victor, que é patologista de formação.
O projeto, segundo ele, busca “fazer os olhos da Patologia brasileira brilharem novamente”, não apenas pela valorização da especialidade, mas pela possibilidade real de encurtar o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento, garantindo mais chances de cura e sobrevida aos pacientes. Para a Dra. Louise De Brot, patologista do A.C.Camargo a frente do projeto, o momento é “desafiador, mas extremamente animador”.
Formação e valorização da Patologia
Além da infraestrutura, o projeto inclui a expansão de programas de residência e fellowships em Patologia e áreas correlatas, com oferta de conteúdo teórico e casos reais para aprendizagem integrada entre centros de referência. O Dr. Mozart defendeu também a criação de guidelines nacionais e o fortalecimento de processos de acreditação para elevar o padrão da Patologia no Brasil.
Outro aspecto pontuado pelo secretário do Ministério da Saúde é a remuneração para os patologistas. Segundo ele, a qualidade do diagnóstico não pode ser sacrificada por modelos remuneratórios baseados apenas em volume: “Um erro em um laudo pode comprometer seriamente o tratamento. Precisamos garantir condições de trabalho justas para que o patologista exerça sua função com excelência”, afirmou.
O encontro marcou um alinhamento inédito entre Ministério da Saúde e instituições de referência como a SBP e o A.C.Camargo, colocando a Patologia no centro das estratégias de combate ao câncer. “A SBP está à disposição para contribuir com propostas concretas que melhorem a saúde dos pacientes oncológicos. Este é um momento de união de esforços para transformar a realidade do diagnóstico no Brasil”, concluiu o Dr. Gerônimo Jr.
INFORMAÇÕES À IMPRENSA:
Agência RS Health | Vinícius Lima
viniciuslima@agenciars.co | (11) 96616-7167