Parecer 152/2021

Parecer 152

Consulta: Venho por meio dessa mensagem solicitar um parecer técnico sobre o risco do tempo prolongado de fixação das amostras que possam interferir no diagnóstico e realização de testes complementares fundamentais para classificação diagnóstica e indicação terapêutica.
Hoje enfrentamos muitos problemas par autorização de exames pois a resolução da ANS RN-259 dita que as operadoras tem até 10 dias úteis para autorizar a execução do exame anátomo patológico.

Temos que considerar o seguinte:

  • Considerando que o tecido a ser analisado deve ser imerso em formalina tamponada 10% assim que for retirado (evitando ficar em isquemia fria por não mais que 1 hora).
  • Considerando que o período de fixação ideal deve ser por um período mínimo de 6 horas e não superior a 72 horas.
  • Considerando que em caso de peças cirúrgicas, para permitir a penetração do formol até a lesão, e permitir assim a fixação, a clivagem do material deve ocorrer o quanto antes, sendo ideal que não ultrapasse 24h.
  • Considerando que se este intervalo não seja respeitado as consequências podem ser funestas.
  • Considerando a resolução 2169/2017 do CFM.
  • Considerando o manual de boas práticas da SBP.

 

Temos que:

Os parâmetros pré analíticos são uma etapa fundamental, pois definem todo o desfecho do caso, e muitas vezes impossibilitam uma análise correta, e por consequência um tratamento inadequado.

O tecido a ser analisado deve ser imerso em formalina tamponada 10% assim que for retirado (evitando ficar em isquemia fria por não mais que 1 hora) por um período mínimo de 6 horas e não superior a 72 horas.

Em caso de peças cirúrgicas, para permitir a penetração do formol até a lesão, e permitir assim a fixação, a clivagem do material deve ocorrer o quanto antes, sendo ideal que não ultrapasse 24h.

Caso este intervalo não seja respeitado as consequências podem ser funestas.

Um exemplo rotineiro na medicina é o câncer de mama.

Caso uma biópsia ou peça cirúrgica de câncer de mama fique fora deste período as consequências são de super fixação do material, que afeta (pouco) a análise morfológica, mas tem consequências grandes em procedimentos necessários para estabelecer os parâmetros de tratamento como a reação de imuno-histoquímica, ensaios de hibridização (como FISH por exemplo), PCR, PCR-r e até mesmo NGS, podendo chegar ao ponto de alterar significativamente seu resultado, o que impacta curso do tratamento, e portanto altera o desfecho deste.

E da mesma maneira isso ocorre com outras afecções, se o tempo for prolongado demais (5 dias ou mais por exemplo) pode até mesmo impedir pesquisa de Helicobacter pylori, o que a longo prazo pode levar ao ponto de provocar um Carcinoma gástrico.

Isso pode ser visto com maior detalhamento no manual de boas práticas da SBP (página 25).

E é um dos motivos da resolução 2169/2017 do CFM contraindicar o transporte do analito para outra jurisdição, para evitar exposição em demasia ou em falta ao fixador.

Atenciosamente,

Dr. Emilio Assis
Vice-Presidente p/ Assuntos Profissionais
CRMMG 39892  RQE Nº 15416
Sociedade Brasileira de Patologia

Seguem abaixo duas referências para demonstrar o explicitado acima.

American Society of Clinical Oncology/College of American Pathologists Guideline Recommendations for Immunohistochemical Testing of Estrogen and Progesterone Receptors in Breast Cancer (https://www.archivesofpathology.org/doi/pdf/10.1043/1543-2165-134.7.e48)

Diagnostic Methods of Helicobacter pylori Infection for Epidemiological Studies: Critical Importance of Indirect Test Validation
(https://www.hindawi.com/journals/bmri/2016/4819423/ )

Manual de boas práticas em Patologia (página 25)

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