Jornal O Patologista Ed. 133_Jul/Set_2018

julho / setembro 2018 13 de sobrevida e genes cruciais no desenvolvimento de tumores, que poderiam ser candidatos a alvos terapêu- ticos específicos. Em melanomas, antes sem tratamento específico, te- rapias antiBRAF, MEK e KIT trouxeram alento ao paciente, com sobrevidas saltando de poucos meses a anos. Surgi- ram terapias capazes de estimular a resposta imune, anta- gonizando células inibidoras dessa resposta, por exemplo, antiCTLA4 e antiPD1/PD-L1. Essa ciência aplicada traz um enorme desafio ao patologista geral, bem como ao espe- cialista. Não se admite mais se desconhecerem os meca- nismos genéticos do câncer, pois seu entendimento impli- ca aplicação prática no dia a dia do patologista. Além disso, o patologista terá que ser responsabiliza- do por não utilizar técnicas pré-analíticas de preservação tecidual através de formol tamponado, etapa crucial que permitirá extrair DNA das amostras e realizar os testes em material parafinado, possibilitando dizer se aquele pacien- te específico poderá se beneficiar com essa ou aquela mo- dalidade de terapia. Tal conhecimento é a atual realidade e tem implicações práticas imediatas. Os novos patologistas estão preparados para isso? Devemos rever a distribuição de horas para contemplar esses novos desafios na acredita- ção de residências médicas? Os tomadores de serviço estão dispostos a remunerar adequadamente por essa nova e im- prescindível modalidade de atividade do patologista? identificou com grande acurácia tipos de melanoma com base na exposição solar intermitente, crônica ou sem relação com esta. A partir desses resultados, iniciaram-se os primei- ros testes de fase 2 para tratamento de melanoma em pacientes portadores de mutações do gene BRAF. Os resultados imediatos foram impressionantes: pacientes em estádio IV, acamados, com numerosas metástases e previsão de sobrevida de dois meses se recuperavam em semanas, levantavam da cama e retomavam sua vida normal. Seus exames indicavam redução acentuada do número e tamanho das metástases. Infelizmente, não era duradouro, havendo recidivas em seis a oito meses, o que indicava haver outros mecanismos e vias molecu- lares de escape capazes de fazer o tumor crescer nova- mente. Tais conhecimentos evoluíram e hoje são prática comum na oncologia. De fato, com o advento de técnicas molecula- res como hibridização genômica comparativa (CGH), sequenciamento de nova geração (NGS), estudos com PCR em tempo real e estudo da variação de nucleotí- deos isolados (SNP arrays ), entre outras, foi possível es- tabelecer um genoma do câncer. A combinação dessas técnicas mostrou caminhos antes impensados, como de- terminação de chips de genes para diagnóstico, genoma da imunidade contra elementos tumorais, marcadores

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